VAI VAI VAI começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira...
Vem vem vem ver
o circo de verdade...
TEM tem tem picadeiro e qualidade
Corre corre minha gente
Que é preciso ser esperto
Quem quiser que vá na frente
Vê melhor quem vê de perto...
Mas no meio da folia noita alta céu aberto sopra o vento que protesta cai no teto rompe a lona pra que a Lua de carona também possa olhar a festa...
Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo:
foi soldado, carpinteiro, seresteiro, vagabundo...Sem juíz e sem juízo
Fez sorrir a todo mundo, mas fundo não sabia que em seu rosto coloria todo encanto do sorriso que seu povo não sorria
BEM me lembro o trapezista que mortal era seu salto
balançando lá no alto...
Parecia de brinquedo,
mas fazia tanto medo
que o Zezinho do trombone de renome consagrado
esquecia o próprio nome
e agarrava o microfone pra tocar o seu dobrado
De chicote e cara feia domador fica mais forte
meia volta volta e meia
Meia vida meia morte
Mas no meio da folia de repente a fera some...
Domador que era valente noutras feras se consome
Seu amor indiferente
Sua vida
sua fome
Fala o fole da sanfona
fala a flauta pequenina
Que o melhor vai vir agora já desponta a bailarina
Com seu corpo de senhora
e seu rosto de menina
Quem chorava já não chora
Quem cantava desafina
Poia a dança só termina
quando a noite for embora
Vai vai vai terminar a brincadeira...
Que a charanga tocou a noite inteira
Morre o circo renasce na lembrança
Foi-se embora
Eu ainda era criança...
"O CIRCO" de Sidney Miller
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